
Devemos fechar todas as portas? Será que no amor, tudo é tragicamente irreversível?
New York Waiting podia ser o expoente máximo dos filmes românticos chliché. Está perigosamente perto disso. É um drama sobre um homem destroçado que decide, através de um conjunto de cartas, marcar um encontro com a mulher que o deixou. O cenário é previsível, topo do Empire State Building, um ano depois de se terem separado. Mais esperado ainda, enquanto planeia o seu (re)encontro, conhece outra mulher. Também ela acabada de sair de uma relação e disposta a dar uma hipótese ao que o destino tiver para lhe mostrar. O rendez-vous dos dois, em Nova Iorque, trás à memória, a espaços, a história de amor de Before Sunset.
Apesar disso, os diálogos estão bem conseguido e o filme dá-nos o eficaz toque de realidade que existem nestes momentos. Levanta algumas questões pertinentes sobre a seriedade de algumas relações e sobre a importância de todos os sinais que existem nos mais pequenos gestos, aparentemente banais. Verdades que temos à nossa frente e que lutamos para não ver. Aquela certeza de que, um dia tudo muda e o vento ficará a nosso favor. Mas na maior parte das vezes estamos a enganar-nos e nada será como idealizamos. Enquanto andamos cegos deixamos tudo o resto à nossa volta abandonar-nos lentamente. E aí sim, é tarde para nos encontrarmos.
Cliché ou não, New York Waiting tocou-me. Pela sua inocência, pela pouca ambição atrapalhada. Por não ser capaz de mais e ainda assim ser irresistível. No cinema, como no amor. A vida está lá fora, e continuamos à espera que ela não se volte a lembrar de nós.

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